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Piracanjuba,02/05/2025

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Opinião Pública

Violência Contra a Mulher

Minha História


Violência Contra a Mulher Rachel Augusta Gordo de Lima

Por Rachel Augusta Gordo de Lima.

Falar sobre violência contra a mulher é algo extremamente difícil, sensível e cheio de gatilhos principalmente para quem já viveu histórias semelhantes. Eu fui uma pessoa que viveu essa situação.

Estive em um relacionamento abusivo, cruel, tóxico, letal. Sim, letal. A morte não acontece apenas fisicamente. A nossa alma ferida também nos mata. Em uma relação com um homem narcisista, que foi o meu caso, ele sentia a necessidade de me humilhar e me diminuir para sentir-se melhor que eu. Mas eu não sabia disso antes e me culpava por tudo que eu ouvia. Eu acreditava que era exatamente o lixo que ele descrevia. Me achava burra, incapaz, abandonada, feia, sem mérito de ser amada por quem quer que fosse.

Eu não tive rede de apoio e a minha dependência emocional para com ele me cegava ao ponto de acreditar que todas as barbaridades que eu ouvia eram a pura e absoluta verdade.

Foram 5 anos vivendo neste ambiente hostil, venenoso e violento. A violência emocional, psicológica, moral levaram anos para serem curadas, tratadas e para que eu conseguisse me expressar com firmeza sem que lágrimas de culpa (que eu nunca tive) caísse dos meus olhos.

Ele me matou. Houve um feminicídio na minha auto estima, na minha auto imagem, na minha confiança. Eu passei a andar de cabeça baixa na rua, curvada, como se eu fosse menos que outro alguém. Sim, ele me matou. Ele matou a minha alma. 

Sei que existem inúmeras situações onde a mulher não consegue se libertar da relação pela dependência emocional, financeira, por sentir culpa assim como eu senti. Chega ao ponto de acreditar que merecemos ouvir xingamentos e palavras extremamente ofensivas. Mas isso não é o fim. Eles ainda conseguem usar da maldade para nos aniquilar como pessoa, nos afastar de amigos e da família e nos ver tendo apenas eles como “apoio”.

Me vi sozinha, incapaz, sem nenhuma perspectiva. Mas em uma manhã ele disse que iria tirar o dia para arrumar as coisas e sair da casa. Recebi forças de Deus e disse que o ajudaria a organizar tudo. Assim foi feito: ajudei-o a organizar a mudança e nos separamos. Porém os problemas não acabaram aí. Eu, ainda fragilizada e sem nenhum objetivo de vida, me vi tendo que ir para a justiça defender os direitos daqueles que eram fruto do relacionamento. E cada vez que a vida me batia, eu caia, me machucava ainda mais, mas conseguia levantar mais forte. Seguia em frente e não desistia.

Não julgo nenhuma mulher que permanece na relação abusiva. São inúmeros fatores que nos levam ao ponto de ficarmos estagnadas, paradas e desacreditada em nós mesmas. Mas eu posso dizer, com a experiência de quem viveu essa história de terror, tentou suicídio, dependia emocionalmente do agressor e não tinha nenhum amor próprio: você pode sair desta situação! Você não merece passar por isso! 

Nunca se culpe por algo que você não fez por merecer. Acredite naquilo que existe dentro de você. Nós, mulheres, geramos vidas! Existe algo mais incrível que isso? Somos infinitamente mais fortes do que podemos imaginar.

Sejam as donas de suas vidas! Se houve um grito, um xingamento, um empurrão, uma humilhação, lembre-se do quanto você é valorosa! Existe um Deus que ama você!

Se a sua relação chegou ao ponto de ser levada para polícia, justiça e houve a determinação de uma medida protetiva, siga! Não confie. Ele não é seu amigo, ele não vai mudar, ele precisa estar longe de você para não ceifar a sua vida emocional e física. 

Para todas as mulheres que sofrem ou já sofreram violência doméstica quero te dizer que eu sei o que é. Eu também sofri. Eu fiquei em silêncio nestes 5 anos. Eu sentia vergonha e culpa. Mas entendi, e quero que você entenda que a vítima não tem culpa.

Você não está sozinha! Confie no seu instinto porque ele nos protege. Confie na justiça e faça valer a medida protetiva.

Eu sofri violência doméstica e consegui seguir minha vida. Você também consegue! 



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